resolvi pegar na inspiraçao, e escrever o que me ia na mente... o resultado foi esta fic... e desculpem o título ser em inglês, mas gosto mais do que a versão traduzido para português... Um breve esclarecimento: esta fic está organizada e duas partes, cada qual com o seu título. Boas leituras!!
Prólogo - NOS ESCOMBROS DE BELLE-ÎLE
A rendição de Belle-Île tinha terminado. Os guardas do Cardeal, sob comando de Rochefort, penteavam a ilha em busca dos corpos de Milady, Mansonne e do Máscara de Ferro. Athos, Porthos, d’Artagnan e Aramis estavam num dos navios da frota francesa, que os levava de volta a terra firme, e depois de regresso a Paris. Aramis, encostada à proa do navio, de olhos fechados, deixava que os salpicos salgados levantados pelo navio lhe molhassem a cara, ao mesmo tempo que os seus cabelos ondulavam ao ritmo do vento. Finalmente tinha-se vingado do assassino de François. Finalmente podia dar descanso ao seu coração desassossegado. D’Artagnan aproximou-se dela, e tocou-lhe com a mão no ombro:
“Tão pensativo, Aramis? Está tudo bem contigo?” – utilizara de propósito o termo masculino, porque não estavam sozinhos a bordo…
“Ah, d’Artagnan, és tu… Obrigado por tudo, meu amigo…finalmente posso parar de procurar…terminei a minha vingança. Estou feliz, d’Artagnan…” – Aramis voltara-se, sorrira, e dera um abraço ao seu jovem amigo.
Nisto, Porthos e Athos juntavam-se-lhes, Porthos trazendo quatro copos, e Athos uma garrafa na mão.
“Com os agradecimentos de Sua Majestade…ou assim me foi dito…não há nada como um bom vinho para aquecer o espírito…depois daquela luta toda…Aramis, não tens desculpas…foste ferido, tens que recuperar…toma!” – Porthos, sempre bem disposto, dera uma forte palmada nas costas de Aramis, que quase a fizeram cair para o lado, não fosse d’Artagnan estar ali. No entanto, sorriu ao seu amigo gigante, e pegou no copo sem ripostar. Athos abriu a garrafa, e cheirando o seu conteúdo, riu-se:
“Ahahahahah….Porthos…parece-me que vais sair desapontado…e como estamos de serviço, teria sido estranho o capitão autorizar que bebêssemos vinho…Mas cheira muito bem, e decerto deve ser bom…Bebamos, então, à nossa amizade!” – Athos encheu os quatro copos, de um líquido amarelado, Porthos franziu o sobrolho, fazendo um ar amuado, mas esboçou um grande sorriso, dizendo, levantando o copo:
“Ah, bem…cidra…melhor que nada… então, à amizade!”
“À amizade!” – disseram quatro vozes em coro.
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Entretanto, nos escombros da gruta da fortaleza de Belle-Île, um homem entrava na mesma, pensativo:
“Ainda bem que consegui chegar aqui despercebido…parece que o plano do meu mentor falhou…outra vez… já há seis anos atrás, foi desafiado por um soldado do Rei…desta vez foram os mosqueteiros…bom…tenho que ir procurá-lo…ele nunca devia ter vindo para Paris cegado pela busca daquela mulher…pode ser que ainda estej….” - os pensamentos deste jovem homem foram interrompidos porque avistara um vulto dentre os escombros da gruta, um vulto que reconhecia como sendo o seu mentor. Rapidamente se chegou ao pé do homem inconsciente, virou-o para cima, tomou-lhe o pulso, e verificou que o coração ainda batia e que respirava regularmente. Com duas mãos ágeis e treinadas, retirou a máscara de ferro da cara do homem, seguindo-se a capa, o gibão, as botas e as calças, uma vez que estavam rasgadas, e tinham sido apanhadas pelas chamas. O homem tremia, e tinha o seu corpo bastante queimado e cheio de cortes, provocados pela explosão da gruta, e de seguida, pelo rebentamento do submarino. Envolvendo o corpo num cobertor, o jovem dirigiu-se à saída da gruta, para verificar se ainda estava sozinho, e encheu um pequeno frasco com água que escorria límpida das paredes. Ao voltar-se, sentiu uma lâmina no seu pescoço, e ergueu os braços em sinal de submissão.
“Quem sois vós? O que fazeis aqui? O que quereis fazer com esse bandido? Respondei-me, antes de vos levar também preso…” – a voz deste homem era ameaçadora, e a lâmina fazia corresponder à verdade aquelas palavras. Voltando-se lentamente, o jovem fixou o seu olhar no seu oponente, vendo que se tratava de um soldado de Richilieu, e respondeu:
“Caro senhor, permiti-me que me apresente. O meu nome é Alexandre, sou o Marquês de Mercoeur, e este homem aqui, que é um leal serviçal meu, pretendo levá-lo comigo para que reconvalesça em minha casa. E decerto, vós como homem do Cardeal, não tereis objecções se eu vos ajudar a declarar o corpo do bandido Máscara de Ferro, e ficares com todos os créditos…além da recompensa que vos poderei pagar…”
“Mas qual recompensa? É claro que vou declarar o corpo deste bandido, mas ainda vivo para ser levado à justiça, bem como vós, o seu cúmplice…Ireis ambos ser executad…..ooooooossssss…! – o soldado emitiu a última sílaba num suspiro, uma vez que uma fina adaga prateada lhe tinha trespassado o peito, e caiu morto no chão. Alexandre limpou a lâmina na capa vermelha do soldado, e rindo-se, disse:
“Não sabias com quem te estavas a meter, meu pateta…e agora serás tu o bandido da Máscara de Ferro…e eu vou vestir o meu mentor nas tuas roupas, e levá-lo daqui para fora… para podermos planear novas medidas num futuro próximo…HAHAHA!”
“crick” – um estalido atrás dele, fez o jovem desembainhar a sua espada, e apontá-la a quem quer que se estava a aproximar. Era um homem de estatura média, cabelos negros, com algumas madeixas grisalhas, envolto num esplêndido manto de brocado vermelho, e que se movia silenciosamente como uma serpente. Ergueu as mãos em sinal de rendição, e abordou-o:
“Senhor Mercoeur, se me permitis abordar-vos pelo vosso nome, achei a vossa conversa deveras interessante…com o senão de eu conhecer o verdadeiro Marquês, e não sois vós esse homem… e nem aquele que jaz ali no chão...”
“Continuai…quem sois vós para afirmares isso com tanta certeza? Não terei qualquer problema em vos remeter para o além, junto com este aqui…”
“Não tenho a menor dúvida disso, senhor. Eu sou Gaston Charbonneau, secretário do Cardeal Richilieu, e segui este soldado porque sabia que ele vinha procurar o corpo do bandido da máscara de ferro. E, respondendo à vossa pergunta, conheço o Marquês há oito anos, na altura eu tinha iniciado funções junto do Cardeal, e numa das primeiras recepções dadas por Sua Eminência em Bagneux, conheci-o. Temos mantido um relacionamento muito discreto, mas mais intenso desde que ele me incumbiu de tentar saber o paradeiro da sua noiva desaparecida, há seis anos atrás…”
“Compreendo…ele falou-me de vós, de facto… Sendo assim, deduzo que não ireis colocar objecções a que eu leve este homem daqui…o meu mentor, Durand de Mérignac. Eu chamo-me Rashid, servidor fiel do marquês, bem como deste meu mentor.”
“É um prazer, senhor Rashid. Ajudar-vos-ei a trocar as roupas do soldado para o vosso senhor, e depois podeis ir comigo, no meu bote, até ao navio. Ninguém ousará fazer perguntas, apenas tereis que encontrar mais um voluntário dos guardas do Cardeal, para que possais vestir-vos igualmente com o seu uniforme… E assim, levais um colega vosso ferido para bordo…e depois podeis levá-lo para a minha modesta casa, visto que não estará e condições de fazer grandes deslocações… Ah, só faltaria um pormenor…” – Gaston friccionava as mãos de prazer – “Teremos que fazer com que a cara deste soldado esteja irreconhecível…não convém deixar pontas soltas…”
HAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!! – o riso maléfico ecoou na gruta, enquanto que ambos os homens apertavam as mãos, e se aproximavam do soldado morto…