Mais um dia de treino. Os nossos heróis mosqueteiros como sempre davam o seu melhor. Porthos e Albert ocultaram um risinho maroto quando ouviram Athos dizer a Aramis que estava cada melhor. D'artagnan, porém, tinha outra preocupação: Villefort.
Aos poucos ia percebendon que o que o veterano sentia por ele era mais do que embirração. Era puro ódio. Villefort nem precisava de dizer palavra. Não dissera a Treville, claro. Nem valeria a pena.
- Deixa-o lá. - Dizia Porthos. - Se calhar é assim com toda a gente.
- Mas, Porthos…
- Nada de mas, D'artagnan. É melhor ficares quieto e calado até descobrirmos alguma coisa, entendes? - Disse Aramis.
- E posso saber do que estão a falar? É assim tão importante para deixarem o treino de lado?
- Não se preocupes. Nós recomeçamos já. Estamos só a fazer uma pausa. - Respondeu D'artagnan. - Se bem que o senhor não é o nosso capitão.
- D'artagnan! - Alertou Aramis.
- Ah, a pôr as garras de fora! Pois é. - Troçou Villefort. - O teu pai também tinha sempre uma resposta na ponta da língua.
- Sr. Villefort. - Começou D'artagnan, de forma a controlar-se e esforçando-se por ser bem educado, porque na verdade, a sua vontade era mandá-lo à fava. - Eu uso o nome D'artagnan com orgulho e agradecia que tivesse algum respeito por ele.
- Respeito? Um fanfarrão que arranjava confusões? O que vale é que ele lá arranjou juízo suficiente para ser destacado para os mosqueteiros e até ser um legítimo candidato a capitão. Deve ter sido influência do Treville. Era o único dos amigos dele com a cabeça no lugar…incluindo ele próprio.
- O senhor não vale um décimo daquilo que o meu pai valia! - Retorquiu D'artagnan. - Era um grande homem! Pode até ter sido mosqueteiro como ele, pertencido ao mesmo regimento e estado na guerra com ele mas embora eu tenha estado pouco tempo junto dele, não o conhecestes tão bem quanto eu! Ele arriscou a vida para salvar um companheiro! Quero dizer, vós devíeis saber disso, se estivestes lá!
A referência ao episódio que Treville lhe contava soara a Villefort como um murro no estômago.
- Exibicionismo primário. - Respondeu ele e virou costas. D'artagnan fervia de raiva.
- Já chega! Agora o Treville vai ouvir-me! Ou melhor, eu vou ouvi-lo!
- Mas o que vais fazer? - Inquiriu Albert.
- O Treville vai me responder umas perguntas. Quero lá saber do que ele diga. E por favor, não me digam nada! - E D'artagnan dirigiu-se até ao escritório de Treville e parecia que ninguém lho podia impedir.
- Senhor, está aqui o D'artagnan e diz que é urgente.
- Deixa-o entrar.
Sem cerimónias, D'artagnan foi directo ao assunto.
- Senhor Treville, eu preciso de saber o que houve entre o sr. Villefort e o meu pai. E conte-me tudo, não me esconda nada, por favor!
Treville suspirou. - O que queres saber?
- Bem, o sr. Villefort não iria insultar a memória do meu pai sem motivo, pois não?
- Sabia que ele iria fazer uma coisa dessas! - Disse Treville tristemente. - Enfim, eu conheci-os, a ele e ao teu pai, na Gasconha. Eramos amigos desde crianças. No entanto ele e o teu pai...Bom, digamos que eles se davam tão bem como tu e o Rochefort. Competiam em tudo. Até ao dia em que o teu pai fez uma coisa de que o Villefort nunca mais se esqueceu.
- O quê?
- Salvou-lhe a vida...arriscando a sua.
D'artagnan fitou Treville com os olhos arregalados.
- Então, quer dizer...
- Sim, D'artagnan. O Villefort é a tal pessoa por quem o teu pai deu perdeu a vida. Na guerra, como sabes. Uma baioneta.
- Mas...Não percebo - Exclamou D'artagnan, sem conseguir acreditar no que ouvira. - Por que razão iria o meu pai salvar a vida dele, se eles se davam assim tão mal?
- Ah, D'artagnan, isso é um pouco complicado de explicar. Sabes, em relação ao facto de o teu pai arranjar confusões, o que provavelmente o Villefort te terá dito, é mais ou menos verdade. O teu pai era uma boa pessoa. Era apenas um pouco rebelde. Não suportava injustiças e regras muito menos. Olhar para ti é o mesmo que olhar para ele quando tinha a tua idade.
- Estou a ver... Então, explique-me. Porque se davam assim tão mal.
Treville soltou uma gargalhada.
- Ah, sabes como é. Como eu te disse, eles competiam em tudo! Mas foi depois de se tornarem mosqueteiros que a coisa piorou. Não me perguntes porquê.
D'artagnan contou aos seus companheiros a conversa que tivera com o Treville. com todos os detalhes. Athos e Albert ouviam-no com toda a atenção e calados. Nem mesmo Porthos dizia o que quer que fosse para interromper a história. Aramis apenas fez um "oh!" de espanto quando D'artagnan chegara à parte em que descobrira que fora Villefort a quem o pai arriscara a vida para salvar.
- Quem diria... - Disse Porthos no fim.
- A propósito do Villefort. - Interrompeu Aramis. - Eu tenho uma coisa para vos contar...
- Contas na estalagem, Aramis. - Disse Porthos. - Agora vamos mas é beber qualquer coisa para recuperarmos desta história incrivel.
Assim foram. Qual não foi o seu espanto ao chegarem á estalagem e viram Villefort!
- O que está ele aqui a fazer? - Inquiriu D'artagnan.
Villefort estava sentado à mesa com uma mulher que por mais disfarçada que estivesse seria impossivel não reconhecê-la.
- Maldição! É a Mercedes! - Disse Aramis!
- Tens a certeza? - Perguntou Porthos.
- Absoluta!
- Mas o que faz o Villefort com ela? Será que ele sabe a escumalha que ela é? - Interrogou-se D'artagnan.
- Boa noite! Há quanto tempo, meus caros.
Ramirez e seus comparsas estavam atrás deles.
- Ora ora, Ramirez y sus muchachos. Que saudades. - Disse Porthos num tom irónico.
- Não sei o que vocês estão aqui a fazer, mas não é coisa boa. - Disse Athos, já desembainhando a sua espada.
- E o ue vocês fizeram? Não sabem que é má educação espiar uma senhora? - Era Mercedes. E já não estava com Villefort.
- O que é que uma bruxa como tu tem para falar com um antigo mosqueteiro? - Perguntou Porthos.
- Deves ter muito a ver com isso. Aliás, vocês são abelhudos demais. Mas eu trato do assunto. Rapazes!
Os cumplices de Mercedes e Ramirez começaram o aáque ao qual os mosqueteiros reagiram de imediato. Os mosqueteiros já sabiam os pontos fracos dos oponentes de tantas vezes os enfrentarem. É claro qeu não valia a pena fazer frente ao corpanzil de Porthos, que lhes dava uma valente tareia sem preciso a espada. D'artagnan, apesar de não ser tão forte como os outros, era agil e rápido, o que lhe dava vantagem. E Albert conseguia pôr em prática aquilo que aprendera com eles. E muito bem.
Mas é claro que mesmo os mais experientes arriscam-se aos truques mais sujos. Mercedes estava prestes a atacar Athos pelas costas.
E se não fosse Aramis...
...que ficara ferida num braço quando se pusera à frente.
Os espanhois aproveitaram e fugiram.
- Canalhas! - Chamou Porthos. - Cobardes!
Aramis gemia de dores.
- Aramis...
- Está tudo bem, Athos.
- Não, não está.
- Eu disse que está tudo bem! - Resmungou Aramis, toda vermelha. - Não te preocupes comigo.
- Mas eu preocupo-me...Nós preocupamo-nos contigo. Eu...nós não queremos perder-te!
- Eu também não...vos quero perder.
Os dois olharam um para o outro sem saber o que dizer.
- O que se passa aqui?
Era Villefort.
- Vós! - Disse D'artagnan. - Que fazieis com essa mulher?
- Qual mulher? E porque estais ferido, Aramis.
- Um ataque dos espanhois. Eles estão cá.
- E vós, que fazeis aqui? - Inquiriu Porthos. - E porque não viestes em nosso auxilio?
- Cala-te, Porthos! - Disse Aramis entre dentes enquanto Villefort partia, sem dizer palavra.
- Estão a ver? - Continuou Aramis, agora que Villefort se fora embora. - Era isto que eu vos queria contar. Ouvi uns boatos de que o Villefort era um agente duplo que passava informações dos espanhois para os nossos!
Os seus companheiros ficaram mudos de espanto.
- Mas então... - Pensou Athos. - Se assim é, de que lado ele está?
E pronto. Como vês, Degen, não vos deixei esperar mais. Aqui vai mais um capítulo. Essa do Olivares foi boa, Anbel, LO, mas olkha que eu li em qualquer lado que sim, que ele conspirava muito contra Richelieu. Bom, enjoy!
Última edição por Fraulein Andreia MC em Sex Mar 11, 2011 9:19 am, editado 5 vez(es)